quinta-feira, 14 de abril de 2011

Enterrem meu coração na curva do rio

As lágrimas escorreram em meio ao sangue derramado ... aquele que se intitulava dono da terra vestia um conjunto azul, bem passado, composto de longo cetim e botões de ouro, e usava, no lugar das penas, um chapéu feito sobre medida. O guerreiro de rosto pintado apenas dava seu último suspiro e a figura de chapéu e cetim cantava as glórias por ter sobrevivido a uma batalha sangrenta e desleal. Para ele, seus soldados haviam sofrido barbáries e ele tivera que suar muito para continuar vivo. E este suposto acontecimento selava os registros oficiais. E geração a geração, os mocinhos sempre vestiram chapéus e os bandidos penas.


O livro Enterrem meu coração na curva do rio, de Dee Brown, é um eloqüente e meticuloso relato da destruição sistemática dos índios da América do Norte. Dee Brown faz grandes chefes e guerreiros das tribos Dakota, Ute, Sioux, Cheyenne e outras contar, com suas próprias palavras, sobre os massacres e rompimentos de acordos, sobre todo o processo que, na segunda metade do século XIX, terminou por desmoralizá-los, derrotá-los e praticamente extingui-los. Publicado originalmente em 1970, mudou para sempre a visão do mundo sobre a conquista do Velho Oeste, revelando a verdadeira história do extermínio dos peles-vermelhas.
O título, Bury My Heart at Wounded Knee , foi retirado do poema American Names, de Stephen Vincent Benet.

Em 2007 foi feito um filme de mesmo nome para TV, baseado no livro de Dee Brown, direção de Yves Simoneau, com Anna Paquin, Aidan Quinn e Adam Beach.
A ação se centraliza em três personagens: Charles Eastman, um jovem Sioux formado em medicina, Touro Sentado, que se recusa a submeter seu povo à política do governo americano, que visa acabar com a identidade, a dignidade e a terra sagrada dos Sioux, e o senador Henry Dawes, um dos responsáveis do governo nos assuntos indígenas.

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No ano de 1854, o presidente dos Estados Unidos fez uma proposta de compra de terras indígenas, oferecendo em troca a concessão de uma "reserva". A resposta do chefe Seatle tem sido considerada um dos mais belos e profundos pronunciamentos já feitos a respeito da defesa do meio ambiente.
(trechos da carta - texto de domínio público distribuído pela ONU para o programa de defesa do meio ambiente - publicação completa no site do Ministério Público de Pernambuco MPPE)

"O QUE OCORRER COM A TERRA,
RECAIRÁ SOBRE OS FILHOS DA TERRA.
HÁ UMA LIGAÇÃO EM TUDO"
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem a noite e extrai da terra aquilo que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa pra trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.

Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecermos vivos.

Ensinem as suas crianças, o que ensinamos às nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos. Há uma ligação em tudo.

A terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra.

Onde está o arvoredo? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu.
É o final da vida e o início da sobrevivência.

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