quinta-feira, 14 de abril de 2011

Delicatessen


Este curioso filme marcou a estréia da dupla de realizadores Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro, que fariam logo em seguida o interessante Ladrão de Sonhos. Há em Delicatessen todo um experimentalismo na arte de se fazer cinema de autor, coisa própria de cineastas em início de carreira. Prova disso é que em Delicatessen tudo é meticulosamente planejado, seja a inspirada sequência de abertura com os créditos em um longo e criativo plano-sequência, seja nos maneirismos com que os diretores tratam a câmera, que parece nunca repetir os mesmos ângulos, os mesmos planos, e se mostra sempre inventiva, em passeios mirabolantes através dos encanamentos dos prédios, por closes fechados nos atores e em objetos de cena, e pela montagem que reune tudo isso em sequências bastante inventivas. Em uma delas, o corte cada vez mais rápido de cenas usa o som para criar uma espécie de sinfonia de ruídos, uma forma de os diretores imporem a sua assinatura e mostrarem que a narrativa de Delicatessen foge do lugar-comum.

Também responsáveis pelos cenários e direção de arte em parceria com Gilles Adrien, Jeunet e Caro revelam aqui um domínio incrível sobre a mise-en-scene, criando um fundo que não se enquadra em nenhuma época, mas que parece se passar em um futuro apocalíptico, onde a escassez de comida e de moeda, leva cada um a sobreviver da forma como pode. É nesse cenário desolador que Jeunet e Caro constroem sua história, a partir de personagens bizarros e situações do cotidiano que demoram a fazer sentido, mas compoem um microcosmo onde está inserida uma mórbida crítica de costumes.

Delicatessen é o tipo de filme que não se enquadra em um gênero, mas utiliza elementos de todos eles, misturando ficção científica, suspense, comédia de humor negro e pitadas de romance, como um delírio visual e farsesco no melhor estilo Terry Gilliam, e impressiona nos detalhes dos cenários, pelo belíssimo tratamento cromático da fotografia de Darius Khondji e na forma como os diretores privilegiam o trabalho dos atores, acentuando suas características físicas, psicológicas e comportamentos que beiram a excentricidade.

Delicatessen é um modelo de cinema cada vez mais raro hoje em dia – o filme de artista, ou filme-artesanato – uma prova de que para se fazer um bom filme não é preciso efeitos especiais de última geração, grandes astros ou um roteiro mirabolante, basta apenas criatividade, talento e bons atores em cena. Nesses quesitos, Jeunet e Caro mostraram que são mestres. - CULT MOVIES




DELICATESSEN - 1991
Título Original: Delicatessen
Direção: Marc Caro, Jean-Pierre Jeunet
Produção: Claudie Ossard
Roteiro: Gilles Adrien, Marc Caro e Jean-Pierre Jeunet
Gênero: Comédia/ Fantasia/ Romance
Origem: França
Ano: 1991
Música: Carlos D'Alessio
Fotografia: Darius Khondji
http://www.imdb.com/title/tt0101700/ - 7.8/10


Sinopse:
Comédia de humor negro que retrata um futuro onde a comida é tão escassa que acaba sendo usada como moeda de troca.
Um homem chega a um estranho prédio, localizado em cima de um açougue, para procurar abrigo e emprego. Após instalar-se no local, se apaixona pela filha do dono do estabelecimento, que, no entanto, possui outros e estranhos planos para ele. As relações entre os moradores do prédio vão se deteriorando à medida que a escassez piora. E a arte mais uma vez, na figura do palhaço, subverte tudo.
O filme é o primeira longa-metragem de Jean-Pierre Jeunet, aqui em parceria com Marc Caro, que mais tarde conquistaria o mundo com O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.


Elenco:
Dominique Pinon - Louison
Marie-Laure Dougnac - Julie Clapet
Jean-Claude Dreyfus - Clapet
Karin Viard - Mademoiselle Plusse
Ticky Holgado - Marcel Tapioca
Anne-Marie Pisani - Madame Tapioca
Edith Ker - Vovó Tapioca
Rufus - Robert Kube
Jacques Mathou - Roger
Howard Vernon - homem-rã
Marc Caro - Fox
Pascal Benezech - fugitivo no início
Chick Ortega - carteiro
Silvie Laguna - Aurore Interligator
Jean-François Perrier - Georges Interligator
Dominique Zardi - motorista do taxi
Patrick Paroux - Puk
Maurice Lamy - Pank
Dominique Bettenfeld -Les Troglodistes
Jean-Luc Caron - Les Troglodistes
Bernard Flavien - Les Troglodistes
David Defever - Les Troglodistes
Raymond Forestier - Les Troglodistes
Robert Baud - Les Troglodistes
Clara - Doutor Livingstone


Divertido, bizarro e imaginativo, filme de estréia de Jean-Pierre Jeunet já apresenta toda a sua criatividade visual. Jeunet construiu, em parceria com Marc Caro, duas das mais inventivas e bizarras comédias / fantasias dos últimos anos: Ladrão de Sonhos e este Delicatessen. No que diz respeito ao estilo, Delicatessen é nada menos do que espetacular. Utilizando praticamente dois tons de cores (o laranja e o verde) e aproveitando-se de uma direção de arte inspiradíssima, os cineastas deixam claro desde o princípio que tudo aquilo não tem lastro na realidade, com os acontecimentos se situando em uma espécie de dimensão paralela. Delicatessen é obra de cineastas com uma visão diferenciada e um espírito tão irreverente que é impossível não se contagiar. - Silvio Pilau, cineplayers

Delicatessen é maravilhoso, um delirio visual do diretor Jean-Pierre Jeunet, que constrói sequências de uma beleza única, pincela tudo com cores, com um lirismo, uma poesia que impressiona – Roberto (Fonfagu), cine cult-classic

O que fascina em Delicatessen é a música de onomatopéias. Delicatessen é quase uma alegoria felliniana, excelente, eu gostei muito de Ladrões de Sonhos, também do Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro e com o ator Ron Perlman e o mesmo Jean Claude Dreyfuss produzida nas imagens e das caricaturas humanas que habitam a história, já Ladrão de Sonhos, visa mais um conto "mother goose" estranho e mórbido. A atuação do Ron Perlman é excelente. – Cartwright, cine spacemonster
Jean Pierre Jeunet, segundo ele mesmo, conserva o dom imaginativo de criança, de descobrir nos gostos o sentimento que isso traz. Mesmo em filmes em que a temática tinha tudo para cair na frieza cruel do mundo dos adultos, há um brilho típico dessa primeira idade como em "Delicatessen" - Uma comédia futurística sobre o mundo em caos – e dá a dica numa entrevista para o site ZetaFilmes: "Quando eu era criança, fugia da minha família com minha imaginação. E isto continua, mas agora me pagam por isso. Muitas pessoas perdem o espírito da infância. Toda criança tem muita imaginação e você perde isto ao poucos. Não sei por que, mas mantenho isso." – blog o lanterninha


TRILHA SONORA:
Composer(s): Carlos D'Alessio

1. DELICATESSEN Generique debut (02:38)
2. TIKA TIKA WALK (02:43)
3. LES BULLES (02:55)
4. BAISER SOUS L'EAU (03:30)
5. LA VALISE (02:40)
6. DUO (02:30)
7. CIRCUS DELIRE (02:17)
8. VALSE ACCORDEON (02:57)
9. UNA LAGRIMA TUYA (02:55)
H. Manzi - M. Mores
10. BONGO BOLERO (03:12)
P.Salvero
11. DREAMS OF OLD HAWAII (02:45)
Mc.Intire - S.Larry - W. Joseph
12. PATTY CAKE BAKERMAN (02:40)
13. THE STRREST OF PARIS (02:32)
J.Leach
14. MEDAILLE D'HONNEUR (03:06)
J. Cesare
15. ENTRY OF THE GLADIATORS (02:41)
Fucik
16. DELICATESSEN generique Fin (05:07)


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