quinta-feira, 14 de abril de 2011

V I Y - O ESPÍRITO DO MAL - 1967 - GEORGI KROPACHYOV / KONSTANTIN YERSHOV


V I Y - O ESPÍRITO DO MAL
1967
GEORGI KROPACHYOV
KONSTANTIN YERSHOV


SINOPSE
O estudante de teologia Khomá Brutus que junto a mais dois amigos se perde ao sair de férias encontrando a fazenda de uma velha senhora que é na verdade uma bruxa. Khomá é atacado pela bruxa, mas consegue defender-se, após espancá-la ela se transforma em uma bela garota e ele foge assustado de volta ao seminário. Pouco tempo depois, o seminarista é convocado por um rico fazendeiro, para dar os últimos sacramentos a sua filha. Ela chegara quase morta em casa depois de ter sido espancada. Ao chegar à fazenda, Khomá é obrigado a rezar pela alma da garota por três noites, trancado em uma pequena capela, ao lado do cadáver. Essa pobre moça, no entanto, é a bruxa sedenta de vingança. Durante as noites, sempre à meia noite, o fantasma da menina levanta-se para assombrar o seminarista, invocando lobisomens, vampiros e outras criaturas do inferno. Atormentado pela bebida e pela falta de sono, ele é dominado pelo espírito de Viy.


SOBRE:
Delírio. A impressão é que o pintor alemão Hieronymus Bosch ressucitou durante a produção para pincelar alguns frames dessa adaptação Cult do conto popular de terror russo de Nicolai Gogol – o mesmo que inspirou levemente "A Máscara do Diabo" de Mario Bava, mas lá pouco restou do conto original, senão a presença da bruxa. Quando na terceira noite velando o corpo de uma bruxa numa antiga, decrépita e assustadora igreja de uma aldeia russa do século XVIII o seminarista Khomá vê todo o tipo de demônio e criatura das trevas surgirem das paredes, escalarem o teto, mãos brotarem de buracos na madeira, sombras por todos os lados, é como se ele tivesse a visão do inferno dos quadros de Bosch, da renascença, o diabo e seus asseclas como a Igreja e o culto popular da Idade Média pregavam em ilustrações.
Claro que o requinte técnico de uma produção russa amadora dos anos 60 não pode se equiparar às obras atuais, mas o crédito pela assombrosa beleza tétrica de “"Viy – O Espírito do Mal" permanece, e não é descontado de Bosch, nem dos diretores Georgy Kropachyov e Konstantin Yershov, então estudantes de cinema. O mérito cabe, em muito, ao consagrado especialista de efeitos visuais Aleksandr Ptushko, que auxiliou ( e muito ) os jovens em tomadas chave do filme, bem no estilo "deixa que eu faço pra vocês verem". Mas cabe bom mérito à dupla pelo estilo insano de algumas tomadas, os movimentos de câmera constantes, que desvendam a decrépita Igreja ou viajam entre os aldeões, divididos entre o lamento pela morte de uma jovem senhora e a curiosidade sobre se ela é realmente uma bruxa. O seminarista chamado para velar seu corpo, Khomá, sabe bem o que ela é: uma bruxa, que voou em suas costas até que ele se desvencilhasse dela e a matasse: após matá-la, ela se transforma na jovem e bela filha de um fazendeiro rico, que ele terá que velar por três noites. Será o inferno para o seminarista, pouco religioso e afeito de uns bons goles.
Kropachyov e Yershov delimitam o inferno do mundo real pelas cores, deixam as criaturas do demônio com tons de cinza circulando um indefeso seminarista, e exprimem o tormento da jovem bruxa nas três noites cercando o seminarista e seu círculo protetor com movimentos de câmera circulares, zooms abruptos e ângulos inusitados. Já seria muito para incluir "Viy" em uma lista de essenciais, mas o melhor é o realismo mágico que sobrevoa cada frame durante todo o filme: é como assistir a um conto de fadas às avessas, uma história onde João e Maria são presos para sempre e a Branca de Neve não acorda de seu sono nem os anões matam a bruxa. "Viy" não nos assusta, nos deixa maravilhados.
Delírio. A impressão é que o pintor alemão Hieronymus Bosch ressucitou durante a produção para pincelar alguns frames dessa adaptação Cult do conto popular de terror russo de Nicolai Gogol – o mesmo que inspirou levemente “A Máscara do Diabo” de Mario Bava, mas lá pouco restou do conto original, senão a presença da bruxa. Quando na terceira noite velando o corpo de uma bruxa numa antiga, decrépita e assustadora igreja de uma aldeia russa do século XVIII o seminarista Khomá vê todo o tipo de demônio e criatura das trevas surgirem das paredes, escalarem o teto, mãos brotarem de buracos na madeira, sombras por todos os lados, é como se ele tivesse a visão do inferno dos quadros de Bosch, da renascença, o diabo e seus asseclas como a Igreja e o culto popular da Idade Média pregavam em ilustrações.
Claro que o requinte técnico de uma produção russa amadora dos anos 60 não pode se equiparar às obras atuais, mas o crédito pela assombrosa beleza tétrica de “Viy – O Espírito do Mal” permanece, e não é descontado de Bosch, nem dos diretores Georgy Kropachyov e Konstantin Yershov, então estudantes de cinema. O mérito cabe, em muito, ao consagrado especialista de efeitos visuais Aleksandr Ptushko, que auxiliou ( e muito ) os jovens em tomadas chave do filme, bem no estilo “deixa que eu faço pra vocês verem”. Mas cabe bom mérito à dupla pelo estilo insano de algumas tomadas, os movimentos de câmera constantes, que desvendam a decrépita Igreja ou viajam entre os aldeões, divididos entre o lamento pela morte de uma jovem senhora e a curiosidade sobre se ela é realmente uma bruxa. O seminarista chamado para velar seu corpo, Khomá, sabe bem o que ela é: uma bruxa, que voou em suas costas até que ele se desvencilhasse dela e a matasse: após matá-la, ela se transforma na jovem e bela filha de um fazendeiro rico, que ele terá que velar por três noites. Será o inferno para o seminarista, pouco religioso e afeito de uns bons goles.
Kropachyov e Yershov delimitam o inferno do mundo real pelas cores, deixam as criaturas do demônio com tons de cinza circulando um indefeso seminarista, e exprimem o tormento da jovem bruxa nas três noites cercando o seminarista e seu círculo protetor com movimentos de câmera circulares, zooms abruptos e ângulos inusitados. Já seria muito para incluir "Viy" em uma lista de essenciais, mas o melhor é o realismo mágico que sobrevoa cada frame durante todo o filme: é como assistir a um conto de fadas às avessas, uma história onde João e Maria são presos para sempre e a Branca de Neve não acorda de seu sono nem os anões matam a bruxa. "Viy" não nos assusta, nos deixa maravilhados.

ELENCO:
Leonid Kuravlyov
Natalya Varlei
Alexei Glazyrin
Vadim Zakharchenko
Nikolai Kutuzov

FICHA:

Título Original: VIY
Gênero: Terror / Mistério / Humor Negro
Tempo De Duração: 1h 27min
Ano De Lançamento: 1967
Idioma: Russo

DADOS DO ARQUIVO:

Qualidade: DVDRip
Formato: AVI
Tamanho: 647 MB
Legenda: Português/BR (Separadas)
Servidor: Megaupload

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Enterrem meu coração na curva do rio

As lágrimas escorreram em meio ao sangue derramado ... aquele que se intitulava dono da terra vestia um conjunto azul, bem passado, composto de longo cetim e botões de ouro, e usava, no lugar das penas, um chapéu feito sobre medida. O guerreiro de rosto pintado apenas dava seu último suspiro e a figura de chapéu e cetim cantava as glórias por ter sobrevivido a uma batalha sangrenta e desleal. Para ele, seus soldados haviam sofrido barbáries e ele tivera que suar muito para continuar vivo. E este suposto acontecimento selava os registros oficiais. E geração a geração, os mocinhos sempre vestiram chapéus e os bandidos penas.


O livro Enterrem meu coração na curva do rio, de Dee Brown, é um eloqüente e meticuloso relato da destruição sistemática dos índios da América do Norte. Dee Brown faz grandes chefes e guerreiros das tribos Dakota, Ute, Sioux, Cheyenne e outras contar, com suas próprias palavras, sobre os massacres e rompimentos de acordos, sobre todo o processo que, na segunda metade do século XIX, terminou por desmoralizá-los, derrotá-los e praticamente extingui-los. Publicado originalmente em 1970, mudou para sempre a visão do mundo sobre a conquista do Velho Oeste, revelando a verdadeira história do extermínio dos peles-vermelhas.
O título, Bury My Heart at Wounded Knee , foi retirado do poema American Names, de Stephen Vincent Benet.

Em 2007 foi feito um filme de mesmo nome para TV, baseado no livro de Dee Brown, direção de Yves Simoneau, com Anna Paquin, Aidan Quinn e Adam Beach.
A ação se centraliza em três personagens: Charles Eastman, um jovem Sioux formado em medicina, Touro Sentado, que se recusa a submeter seu povo à política do governo americano, que visa acabar com a identidade, a dignidade e a terra sagrada dos Sioux, e o senador Henry Dawes, um dos responsáveis do governo nos assuntos indígenas.

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No ano de 1854, o presidente dos Estados Unidos fez uma proposta de compra de terras indígenas, oferecendo em troca a concessão de uma "reserva". A resposta do chefe Seatle tem sido considerada um dos mais belos e profundos pronunciamentos já feitos a respeito da defesa do meio ambiente.
(trechos da carta - texto de domínio público distribuído pela ONU para o programa de defesa do meio ambiente - publicação completa no site do Ministério Público de Pernambuco MPPE)

"O QUE OCORRER COM A TERRA,
RECAIRÁ SOBRE OS FILHOS DA TERRA.
HÁ UMA LIGAÇÃO EM TUDO"
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem a noite e extrai da terra aquilo que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa pra trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.

Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecermos vivos.

Ensinem as suas crianças, o que ensinamos às nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos. Há uma ligação em tudo.

A terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra.

Onde está o arvoredo? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu.
É o final da vida e o início da sobrevivência.

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Ladrão de Sonhos


Preparem-se para mais uma história bizarra, bem ao gosto de Jean-Pierre Jeunet, o criativo diretor francês que tinha na época uma parceria mágica com Marc Caro.

A trama envolve um cientista meio maluco chamado Krank, que começa a raptar crianças para roubar-lhes os sonhos, pois ele mesmo não era capaz de sonhar, e por isso envelhecia mais rápido. Após ter seu irmãozinho capturado, One, acompanhado da pequena Miette, sai em busca de Krank e das crianças raptadas. No caminho, encontram muitos personagens estranhos, cada um com sua história e seus significados.

Como é peculiar de Jean-Pierre Jeunet, o visual, a fotografia e o clima deste filme são espetaculares. A história encanta e diverte, sobretudo aos amantes de contos, fábulas e narrativas surreais. Há também uma série de reflexões e mensagens interessantes. Uma obra que tem todos os ingredientes fundamentais, desde o mergulhador e original dos clones que trabalha como um inconsciente coletivo no fundo da mente oceânica, a religião que não quer ver nem ouvir o mundo por estar repleto de pecado, mas interage com ele por máquinas, esfriando assim o coração, o herói e a sua frágil alma. Cada ação provoca um encadeamento de reações e novas ações como orquestradas por mãos invisíveis, como a cena na qual a força de uma única lágrima joga um navio contra as irmãs gêmeas, mudando o rumo da história.

Ladrão de sonhos é original, perturbador e obrigatório. – cinema em casa


LADRÃO DE SONHOS - 1995

Título Original: La cité des enfants perdus
Título em inglês: The city of lost children
Direção: Marc Caro, Jean-Pierre Jeunet
Produção: Félicie Dutertre
Roteiro: Gilles Adrien, Jean-Pierre Jeunet, Marc Caro e Guillaume Laurant
Gênero: Aventura/ Comédia/ Drama/ Fantasia/ Ficção Científica
Origem: França/ Alemanha/ Espanha
Ano: 1995
Música: Angelo Badalamenti
Fotografia: Darius Khondji
http://www.imdb.com/title/tt0112682/ - 7.7/10


Sinopse:

Em uma sociedade surrealista, Krank envelhece numa nebulosa torre aquática por não poder sonhar e tenta resolver a sua limitação sequestrando as crianças das cidades vizinhas para lhes roubar os sonhos. One, um ex-caçador de baleias, forte como um cavalo, sai em busca de Denree, seu irmão mais novo que fora levado pelos homens de Krank. Com a ajuda da menina Miette eles chegam na cidade das crianças perdidas.
Parceria fenomenal de Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro, os mesmos diretores de Delicatessen, apresentam um conto de fadas diferente, repleto de personagens curiosos e efeitos visuais inesquecíveis.


Elenco:
Ron Perlman - One
Daniel Emilfork - Krank
Judith Vittet - Miette
Dominique Pinon - Cientista / clones
Jean-Claude Dreyfus - Marcello
Rufus - Peeler
Marc Caro - Irmão Ange-Joseph
Jean-Louis Trintignant – tio Irvin, cérebro (voz)
Geneviève Brunet - la Pieuvre
Odile Mallet - la Pieuvre
Mireille Mossé - Mademoiselle Bismuth
Serge Merlin - Gabriel Marie (lider dos Ciclopes)
Joseph Lucien - Denree



TRILHA SONORA:
1. Générique (07:08)
a) Marcello b) Who Will Take My Dreams Away? (chant - Marianne Faithful) c) Thème
2. L'anniversaire d'Irwin (03:13)
3. Les Enfants sauvent One (03:10)
4. Mort de la pieuvre (04:01)
5. Opium Prince (02:30)
6. Le ra...radicateur (02:09)
7. La clé de la victoire (01:17)
8. Le voyage du rêve (04:09)
9. Miette (04:15)
10. L'exécution (02:32)
11. Les puces (02:14)
12. La foire (02:38)
13. Cerises pour un dîner à deux (01:14)
14. Krank... (02:37)
15. Final (05:07)
16. Thème - La Cité des Enfants Perdus (03:19)


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TRILHA SONORA
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Delicatessen


Este curioso filme marcou a estréia da dupla de realizadores Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro, que fariam logo em seguida o interessante Ladrão de Sonhos. Há em Delicatessen todo um experimentalismo na arte de se fazer cinema de autor, coisa própria de cineastas em início de carreira. Prova disso é que em Delicatessen tudo é meticulosamente planejado, seja a inspirada sequência de abertura com os créditos em um longo e criativo plano-sequência, seja nos maneirismos com que os diretores tratam a câmera, que parece nunca repetir os mesmos ângulos, os mesmos planos, e se mostra sempre inventiva, em passeios mirabolantes através dos encanamentos dos prédios, por closes fechados nos atores e em objetos de cena, e pela montagem que reune tudo isso em sequências bastante inventivas. Em uma delas, o corte cada vez mais rápido de cenas usa o som para criar uma espécie de sinfonia de ruídos, uma forma de os diretores imporem a sua assinatura e mostrarem que a narrativa de Delicatessen foge do lugar-comum.

Também responsáveis pelos cenários e direção de arte em parceria com Gilles Adrien, Jeunet e Caro revelam aqui um domínio incrível sobre a mise-en-scene, criando um fundo que não se enquadra em nenhuma época, mas que parece se passar em um futuro apocalíptico, onde a escassez de comida e de moeda, leva cada um a sobreviver da forma como pode. É nesse cenário desolador que Jeunet e Caro constroem sua história, a partir de personagens bizarros e situações do cotidiano que demoram a fazer sentido, mas compoem um microcosmo onde está inserida uma mórbida crítica de costumes.

Delicatessen é o tipo de filme que não se enquadra em um gênero, mas utiliza elementos de todos eles, misturando ficção científica, suspense, comédia de humor negro e pitadas de romance, como um delírio visual e farsesco no melhor estilo Terry Gilliam, e impressiona nos detalhes dos cenários, pelo belíssimo tratamento cromático da fotografia de Darius Khondji e na forma como os diretores privilegiam o trabalho dos atores, acentuando suas características físicas, psicológicas e comportamentos que beiram a excentricidade.

Delicatessen é um modelo de cinema cada vez mais raro hoje em dia – o filme de artista, ou filme-artesanato – uma prova de que para se fazer um bom filme não é preciso efeitos especiais de última geração, grandes astros ou um roteiro mirabolante, basta apenas criatividade, talento e bons atores em cena. Nesses quesitos, Jeunet e Caro mostraram que são mestres. - CULT MOVIES




DELICATESSEN - 1991
Título Original: Delicatessen
Direção: Marc Caro, Jean-Pierre Jeunet
Produção: Claudie Ossard
Roteiro: Gilles Adrien, Marc Caro e Jean-Pierre Jeunet
Gênero: Comédia/ Fantasia/ Romance
Origem: França
Ano: 1991
Música: Carlos D'Alessio
Fotografia: Darius Khondji
http://www.imdb.com/title/tt0101700/ - 7.8/10


Sinopse:
Comédia de humor negro que retrata um futuro onde a comida é tão escassa que acaba sendo usada como moeda de troca.
Um homem chega a um estranho prédio, localizado em cima de um açougue, para procurar abrigo e emprego. Após instalar-se no local, se apaixona pela filha do dono do estabelecimento, que, no entanto, possui outros e estranhos planos para ele. As relações entre os moradores do prédio vão se deteriorando à medida que a escassez piora. E a arte mais uma vez, na figura do palhaço, subverte tudo.
O filme é o primeira longa-metragem de Jean-Pierre Jeunet, aqui em parceria com Marc Caro, que mais tarde conquistaria o mundo com O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.


Elenco:
Dominique Pinon - Louison
Marie-Laure Dougnac - Julie Clapet
Jean-Claude Dreyfus - Clapet
Karin Viard - Mademoiselle Plusse
Ticky Holgado - Marcel Tapioca
Anne-Marie Pisani - Madame Tapioca
Edith Ker - Vovó Tapioca
Rufus - Robert Kube
Jacques Mathou - Roger
Howard Vernon - homem-rã
Marc Caro - Fox
Pascal Benezech - fugitivo no início
Chick Ortega - carteiro
Silvie Laguna - Aurore Interligator
Jean-François Perrier - Georges Interligator
Dominique Zardi - motorista do taxi
Patrick Paroux - Puk
Maurice Lamy - Pank
Dominique Bettenfeld -Les Troglodistes
Jean-Luc Caron - Les Troglodistes
Bernard Flavien - Les Troglodistes
David Defever - Les Troglodistes
Raymond Forestier - Les Troglodistes
Robert Baud - Les Troglodistes
Clara - Doutor Livingstone


Divertido, bizarro e imaginativo, filme de estréia de Jean-Pierre Jeunet já apresenta toda a sua criatividade visual. Jeunet construiu, em parceria com Marc Caro, duas das mais inventivas e bizarras comédias / fantasias dos últimos anos: Ladrão de Sonhos e este Delicatessen. No que diz respeito ao estilo, Delicatessen é nada menos do que espetacular. Utilizando praticamente dois tons de cores (o laranja e o verde) e aproveitando-se de uma direção de arte inspiradíssima, os cineastas deixam claro desde o princípio que tudo aquilo não tem lastro na realidade, com os acontecimentos se situando em uma espécie de dimensão paralela. Delicatessen é obra de cineastas com uma visão diferenciada e um espírito tão irreverente que é impossível não se contagiar. - Silvio Pilau, cineplayers

Delicatessen é maravilhoso, um delirio visual do diretor Jean-Pierre Jeunet, que constrói sequências de uma beleza única, pincela tudo com cores, com um lirismo, uma poesia que impressiona – Roberto (Fonfagu), cine cult-classic

O que fascina em Delicatessen é a música de onomatopéias. Delicatessen é quase uma alegoria felliniana, excelente, eu gostei muito de Ladrões de Sonhos, também do Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro e com o ator Ron Perlman e o mesmo Jean Claude Dreyfuss produzida nas imagens e das caricaturas humanas que habitam a história, já Ladrão de Sonhos, visa mais um conto "mother goose" estranho e mórbido. A atuação do Ron Perlman é excelente. – Cartwright, cine spacemonster
Jean Pierre Jeunet, segundo ele mesmo, conserva o dom imaginativo de criança, de descobrir nos gostos o sentimento que isso traz. Mesmo em filmes em que a temática tinha tudo para cair na frieza cruel do mundo dos adultos, há um brilho típico dessa primeira idade como em "Delicatessen" - Uma comédia futurística sobre o mundo em caos – e dá a dica numa entrevista para o site ZetaFilmes: "Quando eu era criança, fugia da minha família com minha imaginação. E isto continua, mas agora me pagam por isso. Muitas pessoas perdem o espírito da infância. Toda criança tem muita imaginação e você perde isto ao poucos. Não sei por que, mas mantenho isso." – blog o lanterninha


TRILHA SONORA:
Composer(s): Carlos D'Alessio

1. DELICATESSEN Generique debut (02:38)
2. TIKA TIKA WALK (02:43)
3. LES BULLES (02:55)
4. BAISER SOUS L'EAU (03:30)
5. LA VALISE (02:40)
6. DUO (02:30)
7. CIRCUS DELIRE (02:17)
8. VALSE ACCORDEON (02:57)
9. UNA LAGRIMA TUYA (02:55)
H. Manzi - M. Mores
10. BONGO BOLERO (03:12)
P.Salvero
11. DREAMS OF OLD HAWAII (02:45)
Mc.Intire - S.Larry - W. Joseph
12. PATTY CAKE BAKERMAN (02:40)
13. THE STRREST OF PARIS (02:32)
J.Leach
14. MEDAILLE D'HONNEUR (03:06)
J. Cesare
15. ENTRY OF THE GLADIATORS (02:41)
Fucik
16. DELICATESSEN generique Fin (05:07)


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TRILHA SONORA

86.5 MB

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Um olhar oriental sobre Shakespeare



Título Original: Kumonosu-jô
Título em inglês: Throne of Blood
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Shinobu Hashimoto, Ryûzô Kikushima, Akira Kurosawa e Hideo Oguni, baseado em peça de William Shakespeare
Produção: Sôjirô Motoki e Akira Kurosawa
Gênero: Drama/Guerra/Fantasia/Suspense
Origem: Japão
Ano: 1957
Música: Masaru Satô
Fotografia: Asakazu Nakai
Edição: Akira Kurosawa:
http://www.imdb.com/title/tt0050613/ - 8.1/10


Sinopse:
Trono Manchado de Sangue adapta a obra Macbeth, de Shakespeare, para o Japão Feudal de maneira brilhante, e conta a história de Washizu e Miki, dois valentes samurais que, em regresso aos seus domínios depois de uma batalha vitoriosa, encontram no caminho o espírito de uma misteriosa senhora que prediz o futuro de ambos. A partir deste fato Washizu, influenciado por sua esposa Asaji, se vê imerso numa trágica e sangrenta luta pelo poder.

Elenco:

Toshirô Mifune - Taketori Washizu
Isuzu Yamada - Lady Asaji Washizu
Takashi Shimura - Noriyasu Odagura
Akira Kubo - Yoshiteru Miki
Hiroshi Tachikawa - Kunimaru Tsuzuki
Minoru Chiaki - Yoshiaki Miki
Takamaru Sasaki - Kaniharu Tsuzuki
Takeshi Katô - Guarda
Chieko Naniwa - Velha mulher fantasma
Kokuten Kodo - Comandante
Eiko Miyoshi - Velha Mulher do Castelo
Kichijiro Ueda - Trabalhador de Washizu
Nakajiro Tomita - Segundo Comandante


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Ran, versão de Kurosawa para peça Rei Lear, um rei envelhecido que vê seus filhos lutarem pelo seu legado, incorpora a trama de Shakespeare à cultura japonesa com uma beleza única.

Imperdível e essencial para todo e qualquer fã de cinema, Ran é uma obra grandiosa, que levou mais de 10 anos para ser realizada. Durante esse período Kurosawa planejou cada cena de Ran, preparando storyboards que mostravam como cada cena deveria ser rodada.

Toda a primazia técnica está presente em cada frame da obra, seja na adaptação do argumento, enquadramento, desenvolvimento de personagens e até mesmo no figurino. A habilidade de Kurosawa como editor também é excelente e merece destaque. Uma pequena prova disso é o contraste entre a cena inicial e final: na primeira os belos campos verdes acompanham o céu enquanto que na segunda o céu está vermelho, desolado. Um exemplo de cinema perfeito.


RAN - 1985

Título Original: Ran
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Masato Ide, Akira Kurosawa e Hideo Oguni, baseado em peça teatral de William Shakespeare
Produção: Masato Hara e Serge Silberman
Edição: Akira Kurosawa
Gênero: Drama/Épico/Guerra
Origem: Japão/França
Ano: 1985
Música: Tôru Takemitsu
Fotografia: Asakazu Nakai, Takao Saitô e Masaharu Ueda
http://www.imdb.com/title/tt0089881/ - 8.3/10


Sinopse:

Japão, século XVI. Hidetora, o poderoso chefe do clã dos Ichimonjis, decide dividir em vida seus bens entre seus três filhos: Taro Takatora, Jiro Masatora e Saburu Naotora. No entanto, exige viver no castelo de alguns deles, manter seus trinta homens, seu título e a condição de grão-senhor.
Ran significa literalmente caos. Hidetora, vivendo na fantasia de seu ex-império, enlouquece cada vez mais, enquanto os seus filhos começam a lutar por causa das terras e pelas posses do império outrora do pai.

Elenco:

Tatsuya Nakadai - Lorde Hidetora Ichimonji
Akira Terao - Taro Takatora Ichimonji
Jinpachi Nezu - Jiro Masatora Ichimonji
Daisuke Ryu - Saburu Naotora Ichimonji
Mieko Harada - Lady Kaede
Yoshiko Miyazaki - Lady Sue
Takashi Nomura - Tsurumaru
Hisashi Igawa - Shuri Kurogane
Masayuki Yui - Tango Hirayama
Kazuo Kato - Kageyu Ikoma
Norio Matsui - Shumenosuke Ogura
Toshiya Ito - Mondo Naganuma
Kenji Kodama - Samon Shirane
Hitoshi Ueki - Nobuhiro Fujimaki


Principais prêmios e indicações:
OSCAR (EUA) – recebeu o de Melhor Figurino; indicado para Melhor Diretor (Akira Kurosawa), Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia

GLOBO DE OURO (EUA) – indicado para Melhor Filme Estrangeiro

BAFTA (Reino Unido) – recebeu o de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Maquiagem; indicado para Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Cenografia

CÉSAR (França) – indicado para Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Cartaz

BODIL – recebeu o de Melhor Filme Europeu

FESTIVAL DE SAN SEBASTIÁN (Espanha) – recebeu o Prêmio OCIC

NYFCC Award (EUA) – recebeu o de Melhor Filme de Língua Estrangeira

AMANDA Awards (Noruega) – recebeu o de Melhor filme estrangeiro

JAPANESE ACADEMY Awards – recebeu o de Melhor Diretor de Arte, Melhor Música e Prêmio especial para Masato Hara; indicado para Melhor Fotografia, Melhor Iluminação, Melhor Som e Melhor Ator Coadjuvante (Hitoshi Ueki)

BSFC - BOSTON SOCIETY OF FILM CRITICS Awards – recebeu o de Melhor Fotografia e melhor Filme

DAVID DI DONATELLO Awards – recebeu o de Melhor Diretor (Akira Kurosawa)

LONDON CRITICS CIRCLE FILM Awards – recebeu o de Diretor do Ano (Akira Kurosawa) e Filme de Língua Estrangeira do Ano

NATIONAL SOCIETY OF FILM CRITICS Awards (EUA) – recebeu o de Melhor Fotografia e Melhor Filme


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Homem Mau Dorme Bem, como definiu o próprio diretor, é uma espécie de denúncia da corrupção e dos crimes que acontecem nos bastidores do mundo dos negócios, a impotência do indivíduo isolado contra a desonestidade organizada, com forte influência do gênero noir. História shakespeareana que remete a Hamlet.


HOMEM MAU DORME BEM - 1960


Título Original: Warui yatsu hodo yoku nemuru
Título em inglês: The Bad Sleep Well
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Shinobu Hashimoto, Eijirô Hisaita, Mike Y. Inoue, Ryuzo Kikushima, Akira Kurosawa, Hideo Oguni, baseado em peça de William Shakespeare
Produção: Akira Kurosawa, Tomoyuki Tanaka
Gênero: Drama/Suspense/Noir
Origem: Japão
Ano: 1960
Música: Masaru Satō
Fotografia: Yuzuru Aizawa
Edição: Akira Kurosawa
http://www.imdb.com/title/tt0054460/- 8.0/10


Sinopse:

Kurosawa inspirou-se em Hamlet para contar a história passada no Japão pós-guerra. A filha de um grande empresário casa-se com um dos seus funcionários. Já na festa de casamento circulam rumores sobre o suicídio, cinco anos antes, do pai do noivo, que também havia sido empregado da empresa. O filme gira em torno da investigação do filho desconfiado da versão dada para a morte de seu pai.
Foi indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim em 1961.


Elenco:
Toshirô Mifune - Koichi Nishi
Masayuki Mori - Iwabuchi
Kyôko Kagawa - Keiko Nishi
Tatsuya Mihashi - Tatsuo Iwabuchi
Takashi Shimura - Moriyama
Kô Nishimura - Shirai


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MATÉRIA PUC-RIO ONLINE

A poesia do cinema de Akira Kurosawa abriu as portas do cinema japonês para o Ocidente. O diretor foi um dos cineastas mais importantes de seu país e do mundo. A linguagem cinematográfica do artista aborda o sentimento humano em seus aspectos mais profundos. Foi premiado com a Palma de Ouro em Cannes e com o Leão de Ouro em Veneza, além de ter ganhado um Oscar pelo conjunto de sua obra.

Ele é um dos diretores prediletos do professor de cinema do Departamento de Comunicação da PUC-Rio Fernando Ferreira.


P: Que características dos filmes de Kurosawa o tornam um cineasta único, diferente de todos os outros?

FF: Quando um cineasta expõe sua personalidade plenamente, ele se torna diferente dos demais. Kurosawa tinha essa característica. Ele sabia o que queria dizer e fazia isso de forma apaixonada. Chegou a dizer que queria morrer em um set de filmagem. Não lhe foi dada essa alegria, mas de qualquer forma ele viveu o set de filmagem de forma tão plena e amorosa que é impossível não reconhecer que era um homem de cinema de fio a pavio.

P: No que a obra de Kurosawa pode ser importante para o entendimento da realidade contemporânea?

FF: Tudo o que é pleno, significativo e representa uma época, vale para todas as outras. No caso de Kurosawa, ele vivenciou momentos do pós-guerra em todas as suas fases. Ele se propôs a uma atualização permanente.

P: Antes de se tornar cineasta, Kurosawa tentou ser pintor. O senhor acredita que isso influenciou a carreira cinematográfica dele?

FF: Não há nenhuma dúvida. Ele fez pinturas especialmente para o Kagemusha. Eu tenho um livro que é só sobre desenhos feitos para esse filme. Kurosawa desenhava as cenas que ia filmar. A maior parte dos cineastas americanos e europeus que tiveram uma formação acadêmica mais estruturada gostava de desenhar ou mandava alguém desenhar para eles. No caso de Kurosawa, isso era simples porque ele desenhava muito bem. Teve uma exposição muito elogiada por volta de 1923. Na ocasião, ele foi saldado como um expressionista japonês que conhecia muito bem a técnica dos expressionistas europeus. Ele era um colorista fabuloso e fez filmes admiráveis no que diz respeito à concepção da cor, como é o caso de Kagemusha e Ran. Ele também soube tratar a cor de maneira mais discreta, como fez em Sonhos. Kurosawa tinha uma noção plena e severa do que podia fazer com a cor.

P: Kurosawa acreditava que Ran era a “obra de sua vida”. O senhor concorda com ele?

FF: Ran é um filme que adoro, mas não é melhor que outros extraordinários. Não acho que Ran seja um filme muito superior a Rashomon, Sete Samurais, Trono manchado de sangue ou Barba Ruiva. Viver é um dos filmes mais impressionantes que Kurosawa fez. É ótimo que ele tenha achado que Ran era o filme da vida dele. O filme foi feito quando ele tinha acabado de sair da depressão. Kurosawa pôde novamente lidar com um orçamento amplo que lhe permitia fazer um filme com aquela dimensão que foi o Ran. Novamente ele pega Shakespeare e o transforma em uma situação japonesa.

P: Os filmes como Os sete samurais, O trono manchado de sangue e Ran falam de temas éticos que envolvem competição, coragem, honra, amizade e família. De que maneira o senhor vê a relação de Kurosawa com esses temas?

FF: É uma recorrência permanente na obra dele. Kurosawa nunca deixou de ver essas coisas. Ele tinha uma formação ética que o levava a pensar sempre nesses termos. De um modo geral, isso não foi visto pelas apreciações críticas como o fundamental desses filmes. Mas é uma coisa que coexiste com o épico e a dramaticidade de alguns deles, com tudo que ele pretendeu focalizar do ponto de vista da dramaturgia.

P: O idiota, O trono manchado de sangue e Ran são obras baseadas nos livros O idiota, de Dostoievski, e Macbeth e Rei Lear, de Shakespeare, respectivamente. Como Kurosawa aborda a relação entre literatura e cinema?

FF: Ele não via essa abordagem como alguma coisa que significasse uma submissão do teatro e do cinema a esses antecedentes. No meu ponto de vista, as melhores versões de Shakespeare no cinema são de Kurosawa. Independente de o Rei Lear ter sido feito por um especialista como é o caso do Peter Brook ou Hamlet por Laurence Olivier, eu acho que ninguém fez cinema baseado em Shakespeare de forma mais autêntica do que Kurosawa. Essas obras são muito fiéis aos livros do ponto de vista temático. Ele não se preocupou em reproduzir a essência literária dessas obras porque, na cabeça de Kurosawa, isso era o menos importante, era a linguagem específica daquele autor. A linguagem específica de Kurosawa era cinema e essa linguagem não podia estar dominada pelo antecedente que o inspirou. 
 
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SENHA PARA DESCOMPACTAR: acullen

BES VAKIT


SINOPSE:

Em um pequeno vilarejo do interior da Turquia, um grupo de crianças tenta sobreviver às dificuldades do cotidiano por meio da imaginação e da integração com a natureza suas estações do ano. Obra-prima do cinema turco (vencedora do Prêmio Especial do Júri no Festival de Roma/2006) dirigida com notória emoção por Reha Erdem. Remete a outro sucesso infanto-juvenil, o israelense "Exuberante Deserto".

O FILME:

Bes Vakit é um retrato da vida familiar nas áreas rurais da Turquia centrada na vida de três crianças: Omer, Yakup e Yildiz. A aldeia em que vivem é um tanto desorganizada, muitas casas já demonstram sua idade e as estradas desgastadas e vacilantes. O ambiente, por outro lado, é extremamente belo, que vão desde florestas verdejantes a espetaculares falésias e ao mar brilhando gloriosamente. O Diretor Reha Erdem faz uso da Steadycam para controlar os personagens quando eles viajam através da aldeia e da paisagem rural, criando uma sensação de que o pequeno povoado e seus arredores são um grande todo.
A vila, porém, não é um lugar harmonioso: há grande desconfiança entre gerações diferentes, do mais velho ao mais novo, e Omer, Yakup e Yildiz estão nesse meio. Os três filhos mais novos ganham o desgosto e a decepção de seus antepassados, e por sua vez, tornam-se desiludidos e rancorosos.

O pai de Omer está sempre desapontado com seu filho mais velho, e pouco faz para esconder a sua preferência por Ali, o irmão mais jovem brilhante de Omer. Omer começa a planejar maneiras de matar seu pai, que já está sofrendo com os efeitos de uma doença. Enquanto isso, Yakup, amigo de Omer, é repreendido por seu pai, por tentar roubar cigarros, mas descobre - para sua consternação - que está sendo ministrado por uma hipócrita moral. As mulheres da aldeia não estão livres deste ciclo fútil onde os velhos alienam os jovens e os jovens se ressentem da idade: Yildiz, uma menina jovem e inteligente, tem que cuidar do seu irmão, ainda bebê, em nome de sua mãe, e sofre cada vez mais sob o estresse da responsabilidade.

Não é à toa que, em suas complicadas famílias ingratas a vida destas crianças anseiam por uma fuga, e assim eles se reúnem no deserto em torno de sua aldeia para planejar , brincar e sonhar. Imagens recorrentes mostram os jovens filhos de bruços - morto ou dormindo - no deserto, um triste reflexo de um mundo onde já se sente o desapontamento.

Isso não quer dizer que este é um retrato sombrio da vida na Turquia rural. Ele está torcendo para ver o trabalho feito pelos membros da comissão de vila, que se reúnem para discutir questões prementes do local. Eles condenam o espancamento de um jovem pastor local por seu pai e organizam a construção de um novo telhado para uma senhora idosa melhor se ajustar com a proximidade do inverno. Existem também alguns momentos engraçados em Bes Vakit, incluindo as cenas onde as crianças riem com a procriação dos animais. Embora, mesmo tais cenas, sejam, em última análise permeada com a mesma tristeza encontrada ao longo do filme: os meninos pegam as meninas assistindo a um par de cavalos copulando e afastá-as, na crença de que as meninas não devem ter permissão para ver tais coisas. Em um lugar onde as figuras religiosas, aquém dos altos ideais a que aspiram, é triste ver o comportamento errado inspirado na cabeça dessas crianças.

O filme encontra a companhia perfeita na música do compositor finlandês Arvo Part. As cordas sombrias e assustadoras que incham periodicamente ao longo do filme mistura-se com os sons da natureza e da vida cotidiana, e chama-nos a refletir o tormento das relações humanas contra o mais sereno e belo de cenários. Apesar de quase duas horas de duração Bes Vakit não se torna um filme lento. Há tantos personagens e incidentes que o filme pode ser um pouco confuso em alguns pontos, mas é implacável e envolvente. Bes Vakit é notável por ter surgido aparentemente do nada e ter chamado (merecidamente) a atenção para o novo cinema oriundo da Turquia.


ELENCO:
Ozen Ozkan
Ali Bey Kayali
Bulent Yarar
Taner Birsel
Yigit Özsener
Selma Ergeç
Tarik Sönmez
Köksal Engür
Tilbe Saran
Sevinç Erbulak
Nihan Asli Elmas
Cüneyt Türel
Utku Baris Sarma
Eren Akan
Sükran Üçpinar
Sencer Sagdiç
Ali Sahinbas

Título Original: Bes Vakit
Direção: Reha Erdem
Roteiro: Reha Erdem
Gênero: Drama
Origem: Turquia
Ano De Lançamento: 2006
Música: Arvo Pärt
Fotografia: Florent Herry


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legendas português/BR:
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Meeting People Is Easy


SINOPSE:
Documentário onde o Diretor Gran Lee, diretor do clipe No Surprises acompanhou a Banda durante sua turnê de 1997/98. Apresenta clipes de Barcelona, Nova York, Paris e Tóquio, além de entrevistas e o dia-a-dia da turnê, suas emoções e pressões enfrentadas durante todo este ano.



SOBRE:
Meeting People is Easy é um documentário que traz uma revelação para os fãs de música em geral: fazer música não é divertido, é trabalhoso; fazer um show não é fácil e por aí. O documentário foi dirigido e filmado por Grant Gee no olho do furacão: assim que o Radiohead se tornou a banda mais comentada ao lançar o seu extraordinário Ok Computer. O documentarista segue a turnê da banda, as esntrevistas, as premiações e revela uma banda não só completamente despreparada para o assédio que recebeu, como também criou quase um complemento para o disco.

É muito fácil dizer que Radiohead é uma banda deprimente, quando na verdade qualquer um que pare para prestar atenção nas letras de suas músicas irá encontrar um compositor extremamente preocupado com as relações humanas em nossos tempos em que a tecnologia manda e nós somos suas putinhas (perdoem o francês). O visual do documentário utiliza esse ponto de vista, misturando bitolas, criando flicks propositais em imagens e até câmeras de segurança.

É curioso como o filme também foge de toda e qualquer regra de documentários sobre bandas: logo no início, quando vemos a banda abrir um show com Lucky, Gee mantém uma câmera fixa em Thom Yorke, por um longo tempo, algo que irá se repetir várias vezes com os outros membros da banda. Aliás, Gee parece muito mais interessado em mostrar os bastidores do que a aclamação da banda pela mídia, algo que se revela inteligente e fundamental.

Se há um defeito, talvez seja que Meeting People is Easy seja um filme um pouco antipático: quem não ouviu Ok Computer ou não tiver familiaridade com a banda, dificilmente vai aguentar assistir mais do que dez minutos. O que é uma pena, já que seu desfecho, não apenas mostra uma banda extremamente profissional, mas também uma banda preparada para mudar (de novo) o mundo da música, como fizeram com Kid A.Por:Tiago Lipka



ELENCO:
hom Yorke
Jonny Greenwood
Ed O'Brien
Colin Greenwood
Phil Selway
Michael Sailer
Dirk Siepe
Nigel Godrich
David Letterman
Michael Stipe

Título Original: Meeting People Is Easy
Direção: Grant Gee
Gênero: Documentário
Origem: Inglaterra
Ano De Lançamento: 1998
Fotografia: Grant Gee

LEGENDAS POR:CERONTE


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