quinta-feira, 14 de abril de 2011

Um olhar oriental sobre Shakespeare



Título Original: Kumonosu-jô
Título em inglês: Throne of Blood
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Shinobu Hashimoto, Ryûzô Kikushima, Akira Kurosawa e Hideo Oguni, baseado em peça de William Shakespeare
Produção: Sôjirô Motoki e Akira Kurosawa
Gênero: Drama/Guerra/Fantasia/Suspense
Origem: Japão
Ano: 1957
Música: Masaru Satô
Fotografia: Asakazu Nakai
Edição: Akira Kurosawa:
http://www.imdb.com/title/tt0050613/ - 8.1/10


Sinopse:
Trono Manchado de Sangue adapta a obra Macbeth, de Shakespeare, para o Japão Feudal de maneira brilhante, e conta a história de Washizu e Miki, dois valentes samurais que, em regresso aos seus domínios depois de uma batalha vitoriosa, encontram no caminho o espírito de uma misteriosa senhora que prediz o futuro de ambos. A partir deste fato Washizu, influenciado por sua esposa Asaji, se vê imerso numa trágica e sangrenta luta pelo poder.

Elenco:

Toshirô Mifune - Taketori Washizu
Isuzu Yamada - Lady Asaji Washizu
Takashi Shimura - Noriyasu Odagura
Akira Kubo - Yoshiteru Miki
Hiroshi Tachikawa - Kunimaru Tsuzuki
Minoru Chiaki - Yoshiaki Miki
Takamaru Sasaki - Kaniharu Tsuzuki
Takeshi Katô - Guarda
Chieko Naniwa - Velha mulher fantasma
Kokuten Kodo - Comandante
Eiko Miyoshi - Velha Mulher do Castelo
Kichijiro Ueda - Trabalhador de Washizu
Nakajiro Tomita - Segundo Comandante


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Ran, versão de Kurosawa para peça Rei Lear, um rei envelhecido que vê seus filhos lutarem pelo seu legado, incorpora a trama de Shakespeare à cultura japonesa com uma beleza única.

Imperdível e essencial para todo e qualquer fã de cinema, Ran é uma obra grandiosa, que levou mais de 10 anos para ser realizada. Durante esse período Kurosawa planejou cada cena de Ran, preparando storyboards que mostravam como cada cena deveria ser rodada.

Toda a primazia técnica está presente em cada frame da obra, seja na adaptação do argumento, enquadramento, desenvolvimento de personagens e até mesmo no figurino. A habilidade de Kurosawa como editor também é excelente e merece destaque. Uma pequena prova disso é o contraste entre a cena inicial e final: na primeira os belos campos verdes acompanham o céu enquanto que na segunda o céu está vermelho, desolado. Um exemplo de cinema perfeito.


RAN - 1985

Título Original: Ran
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Masato Ide, Akira Kurosawa e Hideo Oguni, baseado em peça teatral de William Shakespeare
Produção: Masato Hara e Serge Silberman
Edição: Akira Kurosawa
Gênero: Drama/Épico/Guerra
Origem: Japão/França
Ano: 1985
Música: Tôru Takemitsu
Fotografia: Asakazu Nakai, Takao Saitô e Masaharu Ueda
http://www.imdb.com/title/tt0089881/ - 8.3/10


Sinopse:

Japão, século XVI. Hidetora, o poderoso chefe do clã dos Ichimonjis, decide dividir em vida seus bens entre seus três filhos: Taro Takatora, Jiro Masatora e Saburu Naotora. No entanto, exige viver no castelo de alguns deles, manter seus trinta homens, seu título e a condição de grão-senhor.
Ran significa literalmente caos. Hidetora, vivendo na fantasia de seu ex-império, enlouquece cada vez mais, enquanto os seus filhos começam a lutar por causa das terras e pelas posses do império outrora do pai.

Elenco:

Tatsuya Nakadai - Lorde Hidetora Ichimonji
Akira Terao - Taro Takatora Ichimonji
Jinpachi Nezu - Jiro Masatora Ichimonji
Daisuke Ryu - Saburu Naotora Ichimonji
Mieko Harada - Lady Kaede
Yoshiko Miyazaki - Lady Sue
Takashi Nomura - Tsurumaru
Hisashi Igawa - Shuri Kurogane
Masayuki Yui - Tango Hirayama
Kazuo Kato - Kageyu Ikoma
Norio Matsui - Shumenosuke Ogura
Toshiya Ito - Mondo Naganuma
Kenji Kodama - Samon Shirane
Hitoshi Ueki - Nobuhiro Fujimaki


Principais prêmios e indicações:
OSCAR (EUA) – recebeu o de Melhor Figurino; indicado para Melhor Diretor (Akira Kurosawa), Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia

GLOBO DE OURO (EUA) – indicado para Melhor Filme Estrangeiro

BAFTA (Reino Unido) – recebeu o de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Maquiagem; indicado para Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Cenografia

CÉSAR (França) – indicado para Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Cartaz

BODIL – recebeu o de Melhor Filme Europeu

FESTIVAL DE SAN SEBASTIÁN (Espanha) – recebeu o Prêmio OCIC

NYFCC Award (EUA) – recebeu o de Melhor Filme de Língua Estrangeira

AMANDA Awards (Noruega) – recebeu o de Melhor filme estrangeiro

JAPANESE ACADEMY Awards – recebeu o de Melhor Diretor de Arte, Melhor Música e Prêmio especial para Masato Hara; indicado para Melhor Fotografia, Melhor Iluminação, Melhor Som e Melhor Ator Coadjuvante (Hitoshi Ueki)

BSFC - BOSTON SOCIETY OF FILM CRITICS Awards – recebeu o de Melhor Fotografia e melhor Filme

DAVID DI DONATELLO Awards – recebeu o de Melhor Diretor (Akira Kurosawa)

LONDON CRITICS CIRCLE FILM Awards – recebeu o de Diretor do Ano (Akira Kurosawa) e Filme de Língua Estrangeira do Ano

NATIONAL SOCIETY OF FILM CRITICS Awards (EUA) – recebeu o de Melhor Fotografia e Melhor Filme


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Homem Mau Dorme Bem, como definiu o próprio diretor, é uma espécie de denúncia da corrupção e dos crimes que acontecem nos bastidores do mundo dos negócios, a impotência do indivíduo isolado contra a desonestidade organizada, com forte influência do gênero noir. História shakespeareana que remete a Hamlet.


HOMEM MAU DORME BEM - 1960


Título Original: Warui yatsu hodo yoku nemuru
Título em inglês: The Bad Sleep Well
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Shinobu Hashimoto, Eijirô Hisaita, Mike Y. Inoue, Ryuzo Kikushima, Akira Kurosawa, Hideo Oguni, baseado em peça de William Shakespeare
Produção: Akira Kurosawa, Tomoyuki Tanaka
Gênero: Drama/Suspense/Noir
Origem: Japão
Ano: 1960
Música: Masaru Satō
Fotografia: Yuzuru Aizawa
Edição: Akira Kurosawa
http://www.imdb.com/title/tt0054460/- 8.0/10


Sinopse:

Kurosawa inspirou-se em Hamlet para contar a história passada no Japão pós-guerra. A filha de um grande empresário casa-se com um dos seus funcionários. Já na festa de casamento circulam rumores sobre o suicídio, cinco anos antes, do pai do noivo, que também havia sido empregado da empresa. O filme gira em torno da investigação do filho desconfiado da versão dada para a morte de seu pai.
Foi indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim em 1961.


Elenco:
Toshirô Mifune - Koichi Nishi
Masayuki Mori - Iwabuchi
Kyôko Kagawa - Keiko Nishi
Tatsuya Mihashi - Tatsuo Iwabuchi
Takashi Shimura - Moriyama
Kô Nishimura - Shirai


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MATÉRIA PUC-RIO ONLINE

A poesia do cinema de Akira Kurosawa abriu as portas do cinema japonês para o Ocidente. O diretor foi um dos cineastas mais importantes de seu país e do mundo. A linguagem cinematográfica do artista aborda o sentimento humano em seus aspectos mais profundos. Foi premiado com a Palma de Ouro em Cannes e com o Leão de Ouro em Veneza, além de ter ganhado um Oscar pelo conjunto de sua obra.

Ele é um dos diretores prediletos do professor de cinema do Departamento de Comunicação da PUC-Rio Fernando Ferreira.


P: Que características dos filmes de Kurosawa o tornam um cineasta único, diferente de todos os outros?

FF: Quando um cineasta expõe sua personalidade plenamente, ele se torna diferente dos demais. Kurosawa tinha essa característica. Ele sabia o que queria dizer e fazia isso de forma apaixonada. Chegou a dizer que queria morrer em um set de filmagem. Não lhe foi dada essa alegria, mas de qualquer forma ele viveu o set de filmagem de forma tão plena e amorosa que é impossível não reconhecer que era um homem de cinema de fio a pavio.

P: No que a obra de Kurosawa pode ser importante para o entendimento da realidade contemporânea?

FF: Tudo o que é pleno, significativo e representa uma época, vale para todas as outras. No caso de Kurosawa, ele vivenciou momentos do pós-guerra em todas as suas fases. Ele se propôs a uma atualização permanente.

P: Antes de se tornar cineasta, Kurosawa tentou ser pintor. O senhor acredita que isso influenciou a carreira cinematográfica dele?

FF: Não há nenhuma dúvida. Ele fez pinturas especialmente para o Kagemusha. Eu tenho um livro que é só sobre desenhos feitos para esse filme. Kurosawa desenhava as cenas que ia filmar. A maior parte dos cineastas americanos e europeus que tiveram uma formação acadêmica mais estruturada gostava de desenhar ou mandava alguém desenhar para eles. No caso de Kurosawa, isso era simples porque ele desenhava muito bem. Teve uma exposição muito elogiada por volta de 1923. Na ocasião, ele foi saldado como um expressionista japonês que conhecia muito bem a técnica dos expressionistas europeus. Ele era um colorista fabuloso e fez filmes admiráveis no que diz respeito à concepção da cor, como é o caso de Kagemusha e Ran. Ele também soube tratar a cor de maneira mais discreta, como fez em Sonhos. Kurosawa tinha uma noção plena e severa do que podia fazer com a cor.

P: Kurosawa acreditava que Ran era a “obra de sua vida”. O senhor concorda com ele?

FF: Ran é um filme que adoro, mas não é melhor que outros extraordinários. Não acho que Ran seja um filme muito superior a Rashomon, Sete Samurais, Trono manchado de sangue ou Barba Ruiva. Viver é um dos filmes mais impressionantes que Kurosawa fez. É ótimo que ele tenha achado que Ran era o filme da vida dele. O filme foi feito quando ele tinha acabado de sair da depressão. Kurosawa pôde novamente lidar com um orçamento amplo que lhe permitia fazer um filme com aquela dimensão que foi o Ran. Novamente ele pega Shakespeare e o transforma em uma situação japonesa.

P: Os filmes como Os sete samurais, O trono manchado de sangue e Ran falam de temas éticos que envolvem competição, coragem, honra, amizade e família. De que maneira o senhor vê a relação de Kurosawa com esses temas?

FF: É uma recorrência permanente na obra dele. Kurosawa nunca deixou de ver essas coisas. Ele tinha uma formação ética que o levava a pensar sempre nesses termos. De um modo geral, isso não foi visto pelas apreciações críticas como o fundamental desses filmes. Mas é uma coisa que coexiste com o épico e a dramaticidade de alguns deles, com tudo que ele pretendeu focalizar do ponto de vista da dramaturgia.

P: O idiota, O trono manchado de sangue e Ran são obras baseadas nos livros O idiota, de Dostoievski, e Macbeth e Rei Lear, de Shakespeare, respectivamente. Como Kurosawa aborda a relação entre literatura e cinema?

FF: Ele não via essa abordagem como alguma coisa que significasse uma submissão do teatro e do cinema a esses antecedentes. No meu ponto de vista, as melhores versões de Shakespeare no cinema são de Kurosawa. Independente de o Rei Lear ter sido feito por um especialista como é o caso do Peter Brook ou Hamlet por Laurence Olivier, eu acho que ninguém fez cinema baseado em Shakespeare de forma mais autêntica do que Kurosawa. Essas obras são muito fiéis aos livros do ponto de vista temático. Ele não se preocupou em reproduzir a essência literária dessas obras porque, na cabeça de Kurosawa, isso era o menos importante, era a linguagem específica daquele autor. A linguagem específica de Kurosawa era cinema e essa linguagem não podia estar dominada pelo antecedente que o inspirou. 
 
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